sábado, 15 de maio de 2010

DEUS DEMAIS NAQUELE GRUPO

10/05/2010
DEUS DEMAIS NAQUELE GRUPO




A controvertida ópera rock “Jesus Christ Superstar”, de Adnrew Lloyd Weber e Tim Rice, numa canção afirma em determinado momento: “Eles têm Deus demais na sua cabeça”. Controvérsias à parte, fiquemos com os religiosos que também afirmam o mesmo. Pode-se falar demais de Deus e pouco demais da sua obra chamada Mundo. Não foram poucas as doutrinas e teorias que propunham um distanciamento da realidade para mergulhar em Deus e viver apenas dele, com ele e para Ele. Segundo Jesus isso não é possível, porque o segundo mandamento, o do amor ao próximo é semelhante ao primeiro (Mc 12,31), E é o mesmo Jesus quem afirma em Mateus que tudo o que fizermos aos pequenos é a Ele que teremos feito (Mt 18,5; 25,40). É ainda Jesus quem em Mt, 25, 31-46 avisa quem entrará no céu e quem ficará de fora. Em Mt 7, 15-23 outra vez é atribuída a Jesus a afirmação de que apenas gritar o nome dele não levará ninguém parta o céu. É precioso mais do que isso para um contato com Deus.

Quando no meu sermão eu disse que há Deus de menos e Deus demais no mundo de hoje, inconformados com minha observação, os três rapazes e as duas moças que receberam catequese diferente da minha partiram para conclusões apressadas. Acharam que eu não tinha fé e que não amava a Deus de verdade. Se o amasse, nunca diria que alguém pode ter Deus demais na sua vida. Ouvi, pedi que mostrassem os textos bíblicos e os documentos da Igreja que suportassem seu ponto de vista, porque eu os tinha. Disse lá e torno a dizer com todas as letras: -“Alguns grupos de Igreja têm Deus demais na boca e no coração”.

Falam a Deus e de Deus 24 horas por dia, mas passam por cima de fatos que certamente são caros a Deus e sobre os quais, segundo o mostra a Bíblia, ele quer a nossa reflexão e espera que façamos alguma coisa. Criam vocábulos e canções só do seu grupo e esperam que os outros descubram Deus do jeito que eles descobriram e o louvem como eles o louvam. Quando alguém aparece com outra proposta e outra descoberta, reagem negando que tal pessoa possa ter o que eles têm, já que fala, pensa e age de outro jeito!

O termo é “misologia”: não aceitação do discurso do outro. Por isso convém que nossa missiologia não termine em misologia. É próprio dos grupos fechados exagerar no diálogo com Deus e ter difícil trato com irmãos de fé que não rezam nem cantam pela sua cartilha. É fé mais sistólica do que diastólica, por isso pouco católica, já que a palavra “católico” supõe abrangência e não fechamento. O assunto merece um debate!
Pe. ZEZINHO, SCJ

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