sexta-feira, 4 de junho de 2010

LAGARTAS E CRISÁLIDAS

                    Se você já viu a lagarta e a crisálida num mês de maio, deve tê-las achado feias. Se aprendeu a ler a vida e o futuro, entendeu que daquela feiúra surgiria uma linda e frágil borboleta. Borboletas, em geral, trazem alegria, mas são delicadas e frágeis. Os gregos chamavam à alma de borboleta: “psichê”. Imaginavam que a vida humana fosse isso: frágil e delicada. No essencial, porém, somos feios e bonitos e em formação. Um dia, eclodimos e continuaremos frágeis e bonitos; cada um terá a sua beleza, vivida por entre deslizes, feridas e incertezas de onde posar e que ventos enfrentar. Os embriões e as borboletas são isso: feios, frágeis e bonitos. Você também! Há o feio, o frágil e o bonito em sua personalidade. Somos todos embrionários. Estamos sempre nascendo para alguma nova realidade.
                    Em poucas semanas sua mãe já passava por enjôos e sintomas de que não estava mais sozinha. Não sei se ela fez festa. A maioria das mulheres e homens faz! Se causou tristeza ou alegria, você não teve culpa. Se causar agora, terá que examinar-se. Seu modo de viver está ou não está justificando seu nascimento?
                     Um retiro espiritual ou um curso desses muitos e bons que há nas dioceses e paróquias, com sacerdotes e professores competentes poderia provê-lo de reflexão suficiente para um mergulho dentro do seu eu. Ache-se bonito ou bonita, mas não bonito, ou bonita demais. Admita que há algumas coisas feias em você, mas não tome isso como humilhação. De que adiantaria ser bonito e pouco ético? Melhor é não ser tão estético, mas ter ética. Além disso, embora haja quem negue, existe, sim a tal de beleza interior. Para quem sabe ler a vida há qualquer coisa na crisálida que mostra a futura borboleta. Há qualquer coisa nos olhos de alguém sofrido ou enfermo que mostra que o corpo perdeu a forma, mas a beleza não foi embora. Há qualquer coisa na rosa de abril, embora tenha avisado que murcharia e perderia o viço, que a faz a mesma rosa que sempre foi até o ultimo instante. Pergunte ao filósofo, pergunte ao poeta e pergunte ao jardineiro.
                    Você dirá que é tudo poesia para consolar as crisálidas e as rosas de abril. E eu lhe direi que um bom retiro lhe ensinará um pouco sobre viver e ressuscitar. Nosso corpo foi feito para a cova. Nós, não! Somos mais do que cabeça, tronco e membros! Inimaginavelmente mais
31/05/2010!
 

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